quarta-feira, 3 de abril de 2013

Destino diário

Eu posso tentar fazer um resumo sobre o cotidiano, mas o cotidiano não tem suas conclusões.

Perto de um parque posso ouvir o vento com seus leves toques nas folhas já queimadas percentualmente pelo Sol do verão que toda tarde trás chuva, a qual não posso descrevê-la agora, porque ela ainda não pertence ao meu dia.


Ouço ônibus desesperado para que o motorista chegue logo em seu destino. 


Mas que destino? Não esperamos um destino, pois destinos são subjetivos, assim como a existência deles. Podemos até saber o final, mas é claro que ele também pode mudar, portanto também é subjetivo.


Aos passos de um idoso vejo o destino. As rodas, o caminho, o asfalto, as suas, as coordenadas e direções, aos passos ouvintes dos sapatos de salto delicados e imponentes ou mesmo aqueles de peso que se arrastam por entre pedras e cascalhos.


A pouca área verde desta cidade nos mostra que ainda há esperança por entre os cantos dos pássaros.


Malditos sejam aqueles que rebolam em sua caminhada, e que titubeiam na calçada! Será que não percebem qual seu destino virá de ser?


As rodas dos carros que rolam e desgastam, os números e nomes de ônibus que marcam... Será este nosso destino?


As construções, as inovações, a tecnologia, essa tal loucura do dia-a-dia. O eu querer fazer na hora que eu quero, esses sorrisos escondidos, o que há de feliz em uma cidade na qual o destino é subjetivo?


O que é incerto é a certeza de que todo o meio será planejado e feito como se pensa.


Não posso descrever o cotidiano, não posso simplesmente por este não poder vir de ser meu cotidiano. Posso estar eu aqui, mas não estarei em todas as partes sempre e nos mesmos lugares sempre.


Calculo eu que o destino não é certo e todos dizem isso, mas o mais engraçado é este medo do desconhecido que nos faz levantar cedo pensando em qual será nosso dia e como será.


Este, subjetivamente, é nosso destino.

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